Intergalactica
Friday, April 30, 2004
  Electro

Anda por aí uma moda revisionista que dá pelo nome de electroclash. É o renascer dos anos 80, e da música de uma década com novas roupagens, novas leituras. Os anos oitenta são uma década terrivelmente injustiçada e na análise do que foi a música e as modas a ela ligadas cai-se sempre em lugares comuns. Cai-se na tentação de resumir tudo a meia dúzia de bandas e modas. Para os incautos foi o período dos duran duran e dos futuristas, das meias brancas e das franjinhas.
Os anos 80 foram muito mais do que isso. Foram os anos que dariam o sinal de partida à música de dança de tonalidades electrónicas. Lançaram-se as primeiras pistas para a combinação entre música electrónica e soul, salsa e sintetizadores. Quem não viveu esta década a sério não sabe o que perdeu. Foi o tempo em que os filhos de David Bowie atingiram a adolescência. Foi o tempo das festas de glamour, dos looks pirata e do risco nos olhos, das pinturas de guerra e do look mojique. Foi um tempo é que para ir à discoteca era como apanhar o expresso do oriente e atravessar diferentes latitudes. Os anos 80 não foram os anos dos futuristas, foram os anos da Blitz, da deliciosa fantasia decadente e desse ícone máximo Steve Strange. Mas são também o tempo dos Adam And The Ants, comanches furiosos que deixariam para a história um álbum fenomenal, “Kings of the wild frontier”, e esse grito de guerra que é “Stand and Deliver”; o período de glória cabaret de Marc Almondo e os seus Soft Cell; o tempo da cold wave e dos Ultravox de “Vienna” e “Reap The Wild Wind”; dos Japan de David Sylvian e o magistral “Tin Drum”.

O revivalismo electro está agora a baralhar tudo e misturou o look futurista com o look punk, a música dos neo românticos com os ritmos incendiários e maquinais dos neo punks de então.
Os Human League foram retirados da lista de espera do lar da terceira idade e levados para a festa pelos Lali Puna, pelos Ladytron, o Stephen Merritt apalpa o cu ao Phil Oakey e pergunta-lhe “Don’t You Want Me”, o Lloyd Cole foi ao cabeleireiro, juntou-se aos The 6ths e canta Human e os Baxendale retocaram o studio hair gel para não perderem o fascínio. Tudo isto conta do disco Reproductions – The Songs of the Human League, uma excelente reprodução das delícias pop desta banda que não sua fase mais profícua contou com aqueles que mais tarde abandonarem a banda para formarem os sublimes Heaven 17.
Os Heaven 17, foram mestres na arte da manipulação de sintetizadores, caixas de ritmos, percussões e responsáveis pelos melhores ritmos dançáveis de início dos anos 80. Exemplo disso é o o disco mais do que obrigatório do electropop, “Penthouse and Pavement” de 1984. Da lista dos sons electroobrigatórios está sem dúvida “I’m Your Money”, onde se misturam as sonoridades típicas dos sintetizadores da época com um ritmo frenético e “Play To Win”, esse caldo de culturas cibersoul, Glasgow meets Rio de Janeiro meets Berlin meets Soulcity.
 
Tuesday, April 27, 2004
  O 25 de Abril

Os 30 anos do 25 de Abril foram celebrados na rua e a afluência foi fantástica. Mais de 50 mil pessoas saíram à rua em Lisboa para celebrar, protestar, reivindicar, marcar presença.
Até aqui tudo bem.
Mas eu sonhava com um 25 de Abril em que todos fossem para a rua, em que fossem mais de 500 mil e não 50 mil. Em que as bandeiras fossem de todas as cores.
Esta data é a celebração da democracia e eu gostava de ver ali a mulher-a dias e a tia, o Herman José e o Camané, a Bibá Pita e Maria José Ritta, o Manuel Reis e o Luís Filipe Reis, a Ágata com a Pitta, a Petta e a Patta, os benzocas da linha e os pé-de-chinelo, pão com chouriço e vol-au-vent, o Paes do Amaral de camisa arregaçada e o Balsemão de calção, fashion victims e vítimas da indústria da moda.
Não sonhava era com um país em que a maioria se alheia e onde os pobres brincam aos pequeno-burgueses e estes últimos aos aristocratas. Não sonhava com um país que nesta data se enfia em casa, no centro comercial, na tasca ou no SPA e não celebra essa dádiva que é a liberdade, essa mesma liberdade que lhes dá o direito de poderem muito bem ficar em casa se quiserem e até mesmo de se armarem em proto-tios e tias e dizerem que o 25 de Abril é um horror e é só povo.
 
World Vision

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